PARIS — Na sombra durante os 33 anos de seu relacionamento, a amante do ex-presidente francês François Mitterrand, Anne Pingeot, explicou o que a levou a "aceitar o inaceitável", como disse em entrevistas divulgadas a partir desta segunda-feira.
Anne, que foi curadora de Museu D’Orsay e criou em segredo a filha que teve com o ex-presidente, Mazarine, fala "com pudor, mas sem tabu", de sua relação secreta com o presidente socialista, morto em 1996, em uma série de entrevistas à emissora de rádio France Culture.
— O que ouvi, por exemplo, sobre a visão da mulher... que a mulher é alguém que tem que ser submissa, sem nenhuma vida intelectual — afirmou Anne, descendente de um dos seis marechais da França da Primeira Guerra Mundial, lembrando o peso da tradição nas grandes famílias burguesas francesas. — Esta parte da submissão fez no fundo com que eu aceitasse o inaceitável.
Em 1994, os franceses descobririam a existência do relacionamento extraconjugal, escandaloso para alguns, por meio da publicação de fotos do presidente com sua filha Mazarine, nascida em 1974.
Em uma decisão surpreendente, Anne, de 73 anos, publicou mais de 1.200 cartas de amor de seu amante. A intenção da curadora era levar as correspondências a público ainda em vida, “por medo de que não as divulgassem corretamente” mais tarde. O ano de 2016 marca o centário de nascimento do ex-chefe de Estado francês.
g1
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