domingo, 13 de maio de 2018

Papa Francisco enfrenta ‘guerra civil’ na igreja católica

A decisão do Papa Francisco de retomar a opção preferencial pelos pobres e dar uma guinada na conduta da Igreja Católica transformou os cardeais ultraconservadores da instituição em combatentes aguerridos do argentino.
  
Herdeiro dos papados de João Paulo II (1978-2005) e Bento XVI (2005-2013), o jesuíta Francisco enfrenta a fúria da Cúria conservadora, contrária às suas reformas.

Nos corredores do Vaticano, altos funcionários chamam Francisco à boca pequena de “esse argentinozinho”. Se, num primeiro momento, o novo Papa enfrentou uma oposição silenciosa, hoje ela está escancarada. A batalha explodiu em setembro de 2016 com a carta divulgada por quatro cardeais, definida como verdadeira “guerra civil” pelo jornalista italiano Marco Politi, do jornal Il Fatto e um dos mais respeitados vaticanistas.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

70 anos da cassação dos mandatos do Partido Comunista do Brasil

70 anos da cassação dos mandatos do Partido Comunista do Brasil
Augusto C. Buonicore *
Deputados comunistas protestam contra a cassação de seus mandatos
No dia 10 de janeiro de 1948, apesar dos inúmeros protestos, um projeto decretando a cassação dos mandatos dos parlamentares eleitos pelo Partido Comunista do Brasil foi aprovado na Câmara dos Deputados por 179 votos contra 74. Oito meses antes o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por 3 votos contra 2, havia cassado o registro daquele partido. Estes foram os primeiros golpes que a democracia brasileira, recém-conquistada em 1945, sofreria. Outros viriam.

As comemorações públicas do 1º de Maio de 1947 foram proibidas pelo presidente Dutra. João Amazonas apresentou uma moção saudando o operariado brasileiro pela data e condenando o ato arbitrário do governo. “Ontem, a Praça Mauá e o Largo da Carioca foram transformados em praças de guerra, tal o aparato militar que ali se via. O Exército conservou-se, durante todo o dia, na mais completa e rigorosa prontidão, como se houvesse ameaça iminente à ordem pública (…). Se continuarmos a assistir atentados à democracia como os que aqui refiro, sem o nosso protesto, nossa missão estará terminada antes de chegarmos ao meio do caminho e seremos os que se calaram, indignos da confiança do povo e do respeito da Nação.”. A moção foi desmembrada: a saudação ao proletariado foi aprovada e a condenação ao governo rejeitada.

sábado, 5 de maio de 2018

A atualidade de Marx, por Slavoj Žižek

Por Slavoj Žižek
Tradução de Artur Renzo

Quando penso no bicentenário de Karl Marx comemorado este ano, logo me ocorre uma deliciosa piada soviética sobre a rádio Yerevan. Um ouvinte pergunta: “É verdade que Rabinovitch ganhou um carro novo na loteria?”. E a rádio responde: “A princípio, é verdade, sim. Só que não foi um carro novo, foi uma bicicleta velha, e ele não ganhou ela, ela lhe foi roubada.” Não seria possível dizer que algo semelhante não vale também para o destino do ensinamento de Marx hoje, 200 anos após seu nascimento?